O Povo (de Calábria) Salvo Pelos Imigrantes

Hoje, cheia de vida e um em cada 3 vizinhos é estrangeiro. Há os de 26 nacionalidades. O motorista, um guri senegalês com um carro do século passado transformado em táxi pirata, leva até um pequeno vilarejo escondido entre as montanhas da Calábria, quase batendo com a ponta da bota da Itália.

Na entrada, após ir por uma vasto rodovia de calçada, há uma placa com as cores do arco-íris que apresenta as boas-vindas em 7 idiomas. Abaixo, outro rótulo mostra ao visitante 20 bandeiras desenhadas em duas filas, com as diferentes nacionalidades que convivem pela cidade, iniciando na Etiópia, passando pelo Afeganistão, e acabando no Marrocos.

Riace, tem duas faces, como a nação a que pertence. Embora essas convivem em perfeita harmonia. A primeira entende a parcimônia da velhice, encabeçada pelos octogenários oriundos. Depois estão os de fora, os migrantes e refugiados, que têm servido de antídoto contra o despovoamento, conseguindo que o povo não desapareça. Muitos falam de um novo Renascimento italiano. No sul. Mais humanitário do que artístico. E dinheiro. Dos 1.500 habitantes de Riace, um de cada 3 cruzou o extenso cemitério do Mediterrâneo Central em busca desta mesma terra prometida, fugindo da fome e da luta. E encontraram, em um nanico bosque de oliveiras rico em casas abandonadas, o acolhimento caloroso de aqueles que dão sem solicitar nada em troca.

No início, há vinte anos, foi um prejudicial experimento. Hoje ninguém duvida de que todos saíram ganhando. Nesta história, como em todas, existe um personagem, um “herói” para o vasto público. Domenico Lucano, Mimmo pros amigos, prefeito de Riace. É o responsável por renascimento de seu povo, que ele chama de “utopia da normalidade”.

Havia conseguido este desfecho feliz desejado em toda a história, revivendo tua terra com dotes de multiculturalismo dando uma lição para o Ocidente. Até que chegou a recente tempestade política italiana. E apareceu um novo “vilão”, o antagonista, de nome Matteo Salvini, que entrou em cena ocupando o trono do ministério do Interior italiano pela mão de uma série de políticas antimigratorias. Dias atrás, na televisão italiana, o novo ministro do Interior ordenou uma mensagem pra seu adversário Lucano. “O prefeito de Riace, não dedico ou médio raciocínio.

Zero. É o zero”, insinuou o líder Da Liga do Norte, reiterando a tua perspectiva de reduzir 5.000 milhões de acolhimento de imigrantes na Itália. “Com Salvini no comando, a Itália se faz responsável de uma nova barbárie. O Governo de inexistência de ética, de moral. Querem fazer uma limpeza étnica e têm um programa com muitos dotes fascistas”, observa o prefeito.

Seu povo, Riace, é a antítese a este novo fenômeno xenófobo, o modelo da outra Itália, não racista e Salvini nem ao menos a do primeiro-ministro Conte. Em 2010, o notável cineasta alemão Wim Wenders, apresentou um documentário (Il Volo) contando a história de como Lucano tinha conseguido que Riace sobrevivesse, graças ao capaz projecto de acolhimento de refugiados, dando-lhes abrigo em casas abandonadas do município.

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Tudo começou no verão de 1998, numa praia banhada pelo mar Jónico, a 8 quilômetros de Riace. Uma barca com 250 refugiados curdos chegou ao mesmo ambiente onde, em 1972, um mergulhador descobriu os chamados Bronzes de Riace, duas esculturas de guerreiros gregos do século V a.C. que hoje repousam no museu de Reggio Calabria. Nesses anos finais da década de 90, em Riace, faltavam somente por volta de quatrocentos habitantes. O desemprego, empurrando-a pros mais jovens a buscar um futuro nas grandes cidades do norte do nação. Cada vez havia mais casas consumidas pelo abandono, não ficavam bares e o colégio estava prestes a fechar por falta de garotas.

Lucano, que era dessa forma professor de química, sugeriu uma idéia que ficou cristalizada entre seus vizinhos: hospedar os primeiros protestos que chegaram às casas abandonadas do centro histórico da cidade. Uma iniciativa que foi crescendo à proporção que aportavam pela costa italiana mais embarcações.